Tela de injustiça e confusão
Há quem não suporte a desonestidade,
A injustiça e a inverdade.
E a questão, inteira ou fragmentada,
É se a inverdade vem nos dicionários...
Mas se não vier, é só acrescentar,
De tão normal acrescentar e inverdadar,
Sendo a língua um movimento permanente.
Eu também não suporto a injustiça...
Mas qual? A tua? A minha? A deles? A delas?
Caso irresolúvel com garrafas de vinho tinto
E cigarrilhas de folha de tabaco verdadeira...
E, na verdade, tudo se resolve continuamente
Pelo movimento, nem do Homem nem de Deus.
Acho bem todo este movimento imparável,
Ainda que movimento em cima de movimento,
Como uma fraude interactiva polockiana.
Dizem-me que Pollock tinha os seus problemas...
Nós também. Que esplêndida obra de arte, a existência!
Poema de Joaquim Camarinha