Olhas e levas o garfo à boca...
Olhas.
Levas o garfo à boca.
Mastigas e engoles a salada.
Consultas brevemente o telemóvel.
Falas...
Parece que alguém tem neurónios de loura
E ris uma gargalhada - és morena.
Suspiras um ai meu Deus
E decides comer uma sobremesa.
Uma vez mais, olhas.
Sais para o balcão, alisando o rabo,
O belo rabo,
Um belo rabo entre rabos,
Gordos, magros, redondos, a direito,
E espreitas sobre o rabo em busca do efeito.
O efeito são palavras dispostas em verso
E nem sequer resultam do teu belo rabo.
Escuta-se todo o ruído do hipermercado
Ao fundo da tua sonora gargalhada.
Gostarias de um poema de amor
Mas encontraste o poeta errado...
Vá, come mais uma colher de gelatina vermelha
E escuta aproximadamente as palavras da tua amiga brasileira...
Imagem de www.riverchasechurch.com.
Poema de Joaquim Camarinha
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