quinta-feira, maio 26, 2011

Xamãs dos infernos (a Nietzsche, Katzantzakis e todos os excomungados)


O sol brilha em raios cubistas, multifacetados
Em universos paralelos e tão afastados
Que não pensam sequer nada de concreto
Como a tela dura e o ar tão circunspecto
Dos que avançam sorrateiros num mundo sombrio
Onde vemos luz no espaço vazio
Porque assim nos dizem, que é belo e perfeito
“Cerrem o olhar, sintam-no no peito”
(como se do peito brotassem pensamentos
e mentem descaradamente a todos os ventos)
Os padres, xamãs e politiqueiros
Tudo a mesma corja de vis caloteiros
Que espalham o medo para ganhar poder
E propagandeiam um estranho viver
Onde há que expiar o inentendível
Pela recompensa que nunca é possível
Porque todos eles, loucos, mentirosos
Homens-medicina sempre sequiosos
Prometem o abstracto que os faz poderosos

Imagem de:http://www.consumerwarningnetwork.com.

quinta-feira, maio 19, 2011

Cantiga e refrão


As nuvens no ar
A brisa a passar
As aves no chão
Debicando o grão

E a atmosfera cobre-se de salvadores
Líderes convictos de bem liderarem
E eu adormeço com eles a falarem
Os democratas e os ditadores

As nuvens no ar
A brisa a passar
As aves no chão
Debicando o grão

E a atmosfera enche-se de vazios
Como obras públicas tão mal acabadas
E eu adormeço com as suas estradas
Se entram ou saem, movidos por fios

As nuvens no ar
A brisa a passar
As aves no chão
Debicando o grão

E na atmosfera tudo é rarefeito
Quem fala e quem cala o bem e o mal
Palavras que tombam sobre Portugal
Como chuva, sol, granizo desfeito


Imagem de: www.teclasap.com.br. 

domingo, maio 08, 2011

Revelação


Revoadas de sons, asas de desgraça
TV da manhã, rádio musical
Passos percutidos no chão matinal
Que jamais acorda, como a populaça

E está tudo igual na televisão
Parece mentira tamanha façanha
O primeiro de uns quantos e uma estátua estranha
Num ninho de cucos preso a um avião
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