quarta-feira, julho 26, 2017

Raio de sol entre as folhas


Dá-me um raio desse sol passando por entre as folhagens
Um mero raio isolado que saberei refratar
E transmutarei o raio numa iluminação
Se tiver sabedoria e encontrar inspiração
E saberei ser pardal e em torno do raio voar
E capturar o universo no meu álbum de viagens

Dá-me um raio desse sol que nos ensina imagens
Um simples raio vivente, uma chama num altar
E falarei com o raio num mantra, numa oração
Se tiver crença na fé e a bater um coração
E saberei ser o vento e em torno das folhas planar
E inventar novos mundos, soltos e sem engrenagens

Imagem de: Zastavski.com

Que tempo é o meu


Que tempo é o meu, qual foi já e qual será
Da TV a preto e branco projetando flores cinzentas
Da passagem decidida, new wavers e negritude
Do passo profissional, a busca fátua do centro
Da maturidade aprendida (e há quem aprenda mal)
Tudo dividido em estantes como agora dividi
O meu tempo é todo o tempo, mas acho que nunca o vi
E ainda não vi amanhã nem sei se existirá
Mas ele será certamente para quem por ele passar
E todos só amam os mortos pois não podem opinar

Imagem de: TheScarletSecret - DeviantArt

terça-feira, julho 25, 2017

Veloz


Os automóveis voam soltos sobre o asfalto
Os aviões e os foguetões e os fotões no alto
Tudo é rapidez, tudo é facto certo e foi
Com as carreiras termitais cravadas na terra seca
E é o vento que transporta as torres e os relógios
Sopra forte por aqui, leva folhas e raízes
Passa em brisa doce ali e afaga todos os egos
E as nuvens aceleram, folhas, raízes, relógios
E os egos inclusive, tão plenos e tão queimantes
Olha a redondez do sol, tão circular e planante
Simultaneamente alto, baixo, fresco, morno e escaldante
E sigo ao lado das nuvens
Pois não sei de outro caminho
Entre os ecos do eterno
Por rotas que não adivinho

Imagem de: GoodWP.com


quarta-feira, julho 19, 2017

Always the sun


A memória é uma amante traiçoeira
Que nos amarra entre cobertores de lã
Onde a luz não passa como se passasse
Ou vice-versa na autoestrada de fotões
Esqueço-me, por vezes, do essencial
Das coisas pequenas, das coisas enormes
Como eu costumar ver Deus na luz do sol
Sempre ele, o sol, um inca ficcional
E eu costumava mas deixei de costumar
Ei-lo, no entanto, o simples sol, o acorde
O abarcar da complexidade imaginária
Esvaída, como as ondas, entre as mãos
Sempre ele, o sol, arquétipo de mim
A luz que me confunde no que digo
E no que penso, pensando em imagens
O círculo da vida na composição
O sol dourando a relva verde e o mar
E todas as folhagens e os pardais nos ramos
E tudo o que se sente sem pensar
E toda a intuição sem planos

Imagem de: wallpapers.brothersoft.com

sexta-feira, julho 14, 2017

A luz ilusória


O fatalismo muçulmano e o americano
Desconheço, mas sei que os próprios gregos
Fatalizavam no obscuro reino do sombrio
E sei que é fatal a fatalidade estranha
Pois desconhecer é ser pequeno como o barro
E o livre-arbítrio é uma amável chaise longue
E quem não deseja esse conforto
De apontar o dedo e dizer eu sou melhor?
Pois bem, se calhar eu sou melhor
E viva e recompense Deus Nosso Senhor

Imagem de: The Muslim Observer
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