quarta-feira, novembro 21, 2012

Infância


É tocante a idade inexistente
Para quem a observa imaginando ver
O que um dia é para não mais ser
Não sendo tocado por olhar em frente

O ter um prato que é o preferido
O ver um objeto e achá-lo fascinante
O achar desejos, pensar o instante
Sem saber que um dia tudo é esquecido

Ter memória curta de luzinhas feita
Como as que enfeitam os Natais distantes
Todos os momentos novos, diletantes
Como paraísos sem deuses à espreita

Imagem de: www.dailymail.co.uk. 

quinta-feira, novembro 01, 2012

Todos os santos



Se se soltar uma pomba branca
Nos céus ensombrados do dia dos mortos
E uma criança de espírito aventureiro
E mente por escrever e reescrever
Usar uma espingarda de chumbinhos
Ou uma mera fisga
Dura no calhau, líquida no pensamento
Ou na ausência da estrutura socializada
Do pensamento que ensombra o dia
A criança é um deus enquanto dura
Depois liquefaz-se e diminui-se
Cresce até se tornar anã
E se a pomba branca não tinha culpa alguma
A criança não tinha também culpa alguma
E ninguém a tem ou todos a têm
E por isso se vêm punidos com a sombra do universo
Antes de se diluir na líquida movimentação
Dos visitantes dos cemitérios que nas suas lápides
Mantêm as diferenças dos anos decorridos
Sem que isso lhes importe, à criança ou ao universo

Imagem de: noticias.pt.msn.com . 
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