domingo, março 24, 2013

Conchinhas do mar


Lembro-me de uma tarde toda ensolarada
Em que, ao puro acaso, sem hora marcada
Fomos ao molhe da Foz ver o mar
E do teu riso infantil a brincar
Como o sol, as ondas e a enseada
Tudo o que em ti estava a despontar

Lembro-me das conchinhas que colecionavas
De as apanhares no gélido areal
E dos cavalinhos que então jogavas
Da cumplicidade quase irracional

Agora caem gotas do céu encoberto
E penso nos momentos em que te vi
Pela primeira vez para o mundo desperto
E ao vento que passa lembro-me de ti

Imagem de: www.apartmenttherapy.com

Luísa, anda ver o mar!


Luísa, anda ver o mar!
As ondas rolando à sua vontade
Espalhando brancura longe da cidade
O tanto que dizem sem sequer falar

As profundidades assim pressentidas
Os corais pulsando como corações
Os peixes vogando sem governações
Essas liberdades nas águas movidas

À luz desse sol, à luz do luar
Tudo se reflete num redemoinho
De vida e ninguém pode estar sozinho.
Luísa, Luísa, anda ver o mar!

Imagem de: www.desicomments.com

segunda-feira, março 11, 2013

Máscara



Vi um homem careca, amparado
O rosto coberto por uma máscara farmacêutica
O passo lento, a dependência
O dia coberto por uma máscara farmacêutica
Feliz, infeliz ou sujeitado
Encoberto como o céu infindável do inverno
A máscara não permitia compreender
E é verdade que por vezes a compreensão
É um mero acessório entre a multidão de máscaras

Imagem de: minimops.wordpress.com

Sonoridades



Criei e vivi tantas sonoridades
Como se disso dependesse o universo
Imaginei, escrevi, elaborei, narrei e descrevi
Diante de academias imaginadas
Publicitei os meus produtos, fui afável
Num desafio mais a mim que à humanidade

O universo continua a mover-se por si só

As academias nomeiam quem bem entendem

Os desafios dependem de coisas inexplicáveis

A recordação do bem que fiz é vaga
Como que toldada pela atmosfera
E não há ninguém a quem culpar…

Imagem de: www.thebigidea.co.nz
advertising
advertising Counter