quinta-feira, janeiro 25, 2018

O tempo das coisas



O rio fluía e poderia ser um deus
Em direção à deusa brisa naqueles céus
De um lusco-fusco estranho em sépia borratado
Onde tudo é todos e isso é todo o lado
E a deusa rocha dorme à sombra da sequoia
Que um urso deus arranha, onde se enrola uma jiboia
Tudo isso há muito tempo, ou direi antes,
Em universos improváveis, hierofantes
Das coisas e dos seres, num antigo baque
E os macacos sapiens só semente de Prozac

Imagem de: Philippe Marangoz em Pinterest



segunda-feira, janeiro 15, 2018

Blue Sun Day


O corpo jaz ainda quente
Arrefece lentamente e jaz
Cinco dólares, cinco libras
Cinco euros, tanto faz
Pois tudo é feito de fibras
E as coisas existem na mente
O corpo dobrado pisou
Palcos, ruas e inventou
(The guns shot above our heads)
Na Berlim de um tempo ido
Na Paris de cemitérios
O corpo exaurido cantou
Como mil balas explosivas
Num intenso vagido carnal
Insana alegria primal
Na aniquilação do sentido
No abraçar dos mistérios
Das perceções primitivas
O corpo jaz e é semente

Imagem de: Daily Mail

segunda-feira, janeiro 01, 2018

Ano Novo, Novo Ano


A neve, a chuva, o gelo
E o sol incendiando o grão de areia
Hurram como uma onomatopeia
No universo mal medido que torneia
De um a outro ano subjetivo
Ou intersubjetivo ou talvez vivo
Com o fim do tempo sempre à porta
Da casa que tanto nos custou comprar
E a esta hora a humanidade a dormitar
Sonha desbragadamente os mitos
Que perfazem os silêncios e os gritos
E as conversas intermédias em surdina
Envoltas em alma e serotonina
E quem nos ditou regras de existência
E quem nos mentiu sobre a persistência
E quem imaginou por medo a essência
É pó varrendo as dunas do deserto
Onde permanece o escorpião desperto

Imagem de: Youtube

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