Janeiro submerso
Esta humidade é uma vasta cabeleira
Sufocando Sansões e anões de igual modo
Um espaço impenetrável sobre a terra inteira
Um mar pré-câmbrico afogado em lodo
Um lodo que corrompe tudo o que se move
Com modos de adolescente irreflectido
Que fala em demasia e nunca se comove
Com a miséria alheia e a ausência de sentido
Janeiro imenso, tenso e lamentável
Cobrindo os dias de uma sombra compacta
Numa redoma baça de vidro inquebrável
Onde eis-nos prisioneiros da infinitude exacta