Sun King
Sol sol sol gotejando no dedilhando da guitarra e o balouçando do baixo invade-me os sentidos de palácios e sebes de jardins em nuvens altas, oh palácios alucinantes na minha visão tão aguda em palavras tão perfeitamente encadeadas, a linguagem primordial, o esperanto, a esperança, o coelacanto, o mecanismo divino, relojoeiro, acho que também há velhos relógios dourados em Versailles onde os jardins e os bosques escondem fantasmas entre a estatuária imóvel e guardam histórias e musas e ninfas e ninfetas e no pequeno coreto parece ouvir-se alguém anunciar a chegada do rei sol. Oh, lâminas perfeitas de luz que perpassam as nuvens maneiristas dos céus de Franças e logo me sugam para praias planas de areias baixas e marés perfeitas, os acordes na minha visão, as imagens na minha audição, e tudo, tanto, tão inumerável, no baixo balouçando e a maré que sobe e desce em ondas claras de gráficos a suplicar eternos da capos na mistura, na composição e oh, sebes altaneiras de verdes eternos e geométricos laranjais, quantos sóis em simultâneo, quantas línguas entrelaçadas e toda a aparente incompreensão amalgamada se encontra num pico de beleza instintiva tão mediterrânica sussurrando sorridente que está a chegar o rei sol, vem aí o rei sol...
20 de Junho de 2004
Título original dos The Beatles. Imagem de http://lfa.atu.edu.