Elegia nº 3 (ao João Cordeiro - pintor)
O vento varreu mais uma folha...
Caem todas, todos os dias,
Do cimo de pontes e arranha-céus,
Do topo da vida, do degrau de baixo,
Deixando histórias e imagens soltas
Que qualquer borracha apagará.
Quem se lembra concretamente da floresta?
Eis-me rodeado de fantasmas, vivos e mortos,
Gemendo, lancinantes, nos meus pensamentos,
Que doem, ruidosamente, ruidosamente,
Da criação à recriação...
São gotas de água em torneiras avariadas
As minhas palavras, estas quase-dislexias,
Monumentos a soldados desconhecidos.
Caiu mais uma folha, rodopiou, tremeu,
Estacou e já se afundara...
Não imagino quem fosse,
Não imagino mesmo nada...
Alguém chega e varre as folhas
E quem o pode culpar?
Imagem original de http://community.webshots.com (foto de xxvxxsfaith).
2 Comments:
Las hojas son barridas o la propia tierra las absorbe, una a una.
Por vezes sinto estes sentimentos em mim, tão bem escritos por ti. Apenas mais uma folha... é isto que eu sinto.!
Lindo!
Bjo.
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