Chuvisco e cão vadio
BAÚ DE MEMÓRIAS
Pingam da minha caneta avariada
De forma metódica, insistente e calada
Gotas azuis de tédio e desfastio
Como lá fora sobre o pêlo de um cão vadio
Ignoro se pensa ou se uiva mentalmente
Recordando um osso amargo, uma cadela indiferente
Mas sei que as gotas, ridículas e espaçadas
Lhe dão um olhar triste em tristes caminhadas
E o chuvisco cai, cai, cai como a existência
Que o vejo percorrer com lenta persistência
Espécie de cão de Pavlov que só interiorizou
Da vida a recompensa do chuvisco que o molhou
25 de Maio de 2000
Imagem de www.sashadesign.com.
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