terça-feira, novembro 24, 2020
sábado, novembro 21, 2020
sexta-feira, novembro 20, 2020
Abatem-se os cavalos e as repetições
Longo carrossel de amnésia atacado
Os humanos repetem-se à exaustão
Numa roda viva do bang à explosão
Giram cavalinhos no ar ofuscado
Vai sempre haver tudo o que existiu
A teimosia, a alucinação
A fuga em diante, a putrefação
Vai-se sempre ver o que já se viu
Que cansativos o filme e o romance
Os concorrentes a tombar na pista
Esse abater de pontos de vista
A mira certeira de certeiro alcance
Os nascimentos e os obituários
Tudo porque cansa ler livros pesados
Olhar aquém e além dos pecados
E assistir na TV a documentários
Imagem de: dreamstime.com
domingo, novembro 15, 2020
Pardal à chuva
Vi um pardal pequenito como na pista de dança
O pelo todo encharcado em gel de chuva barrada
Saltitando naquele ritmo que marca a berma da estrada
De sons brancos, invisíveis, que o sentido não alcança
Gosto de pardalecos que se balançam no tempo
Nada aguardando do dia, nunca cogitando planos
Dançando entre as finas gotas dos vastos meridianos
E vivendo cada dia como um normal passatempo
Imagem de: Pinterest
sexta-feira, novembro 13, 2020
Uivos, sempre os uivos
Cedo, uivam nos portais
Baskervilles e cães rafeiros
E dentro dos galinheiros
Galos, bravos e altaneiros
Juntam-se aos grupos corais
A rua está ainda deserta
Mas a insónia toma conta
Da manhã que já desponta
Numa natural afronta
À minha mente entreaberta
Algures, há motores distantes
Em bocejos de viver
Estaria o dia a nascer
Não fora a hora crescer
Com os tenores diletantes
Imagem de: Dr. Marty
domingo, novembro 01, 2020
O não-universo
Há vírus no chuvisco em escura
hora
Que o povoam de tristes pensamentos
Erráticos, irmãos dos fortes
ventos
Do dilúvio universal de
outrora
Noé à toa entre o estertor
Agarra-se a um leme imaginado
E vê passar a tromba e o
tornado
Pela raiva justiceira do
senhor
Não há monte Ararat ou aliança
A água liquefez as escrituras
Da mente divagante de figuras
Nascidas da serpente em
contradança
Que seria o universo no seu
verso?
A calmaria eterna do vazio
A ausência de calor, de cor,
de frio
E a paz do ausente
incontroverso
Imagem de: Middletown Bible Church