sexta-feira, janeiro 12, 2007

A uma princesa


Em teus olhos mouros de noite calma,
Em beijos lançados no ar e nos lábios,
Em gritos exactos como astrolábios,
Encontro aquele porto onde repousa a alma.

Balouçando como uma bailarina
Entre a tristeza e a alegria perfeitas
Recolhes a mais bela das colheitas:
O seres quem és, luz que te ilumina.

Princesa forte, sensível, real,
Que segredos guardam teus universos?
Que sonhos inventas de ouro e cristal?

És a inspiração e os próprios versos
Que fluem livres num imenso caudal
De correntes fundas, mares insubmersos.


Imagem de www.hyattmoore.com.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Portugal


A rataria ataca a toda a brida,
Não tem vergonha nem escrúpulo qualquer,
Joga com taxas, juros e o que houver,
Ratando os frágeis fios desta vida.

Sujam os mármores e os altos balcões
De vil excremento, podre e descarado,
E inventam jogos num tempo calado,
fazendo do alheio largos milhões.

A rataria, os insectos ladrões,
Escudam-se em leis e escondem-se em decretos
E sentem-se limpos entre os dejectos...

Vivem em tocas chamadas mansões
Só para o seu queijo que cresce incessante
Como uma bola de lixo mutante.


Imagem de http://tuxcafe.org.
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