Mais um prémio para os mesmos
Armando Nascimento Rosa, insigne dramaturgo nacional, ganhou o prémio literário mixuruca Aldónio Gomes, instituído pela Universidade de Aveiro. Mixuruca porque não concede qualquer espécie de prémio (salvo a oferta de 20% - até 500 exemplares - da edição ao vencedor) e porque lhe rouba os direitos de autor. Não é porque tenha concorrido em três vertentes (poesia, ensaio e romance) e me sinta um pouco injustiçado (como se sente quem já tem muitos anos de vida e já viu demais, salvo se se tratar de um idealista incurável com problemas de visão), porque até pode ser que Armando Nascimento Rosa, como todos os que habitualmente somam prémios literários apesar do anonimato exigido, seja genial e eu seja bem fraquinho... Mas não sei se Aldónio Gomes, que tive o prazer de conhecer de perto há muitos, muitos anos, com quem contactei variadíssimas vezes, não torceria o nariz perante esta estranha - porque é estranha, sejamos honestos - tendência para os mesmos, sempre os mesmos, talvez por serem muito bons e os restantes mais fraquinhos, somarem prémios literários apesar do anonimato que implicam estes concursos. Rouba-me a vontade de escrever e faz-me pensar... Bem vistas as coisas, o prémio, talvez mais do que todos os restantes concorrentes serem bem fraquinhos, é efetivamente mixuruca como não me recordo de ver e eu, todos nós, os que concorremos, somos culpados do facto de termos concorrido: independentemente de tudo o que nos possam roubar, ninguém nos pode roubar essa culpa. Os meus parabéns a Armando Nascimento Rosa e à Universidade de Aveiro.