sexta-feira, setembro 30, 2011

Tempo, nirvana e ponderações


Gostaria de ponderar não ponderar...
Tantas vidas para trás...
Tantas vidas para diante...
Tantos nirvanas adiados
Para algum tempo distante
Em espaço-tempos curvados
E o tempo circular...

Diz-me um médico inventado:
"Parece-me nervoso, turbulento..."
É ele já desesperado
Pelo dia que crê muito lento...

Imagem de: www.thypolarlife.wordpress.com. 

sábado, setembro 24, 2011

Deixem as metáforas dormir


Deixem os pássaros voar
As águas fluir ou estagnar
As oliveiras com folhas normais
E o vento ser ar, nada mais

Saibam que as metáforas são plásticas
Meditem numa espécie de oriente
Esvaziem o mundo e a mente
Sejam somente, somente...

Esqueçam os usuais simbolismos
(vícios académicos perniciosos
vocábulos confusos, ansiosos)
E curem assim as maleitas
As dores todas contrafeitas
No cemitério dos silogismos

Imagem de: www.bodysoulmindspirit.com.

segunda-feira, setembro 12, 2011

Não é efetivamente outono ainda


Não é efetivamente outono ainda
Com o sol em ricochete na esplanada
O vapor do café sumido em nada
E o tempo que discorre e não se finda

Não há folhas caídas pelo chão
Nem a melancolia vaga da luz fria
Nem o vento do norte que anuncia
Os meses arrastados da hibernação

E se há no meu país uma dormência
Que flui como uma sina, uma cadência
Um fado, uma canção de decadência

Não é porque haja um outono efetivo
Mas sim por um espírito reativo
Se tanto é morto antes de ser vivo

Imagem de: www.experimentgarden.com.

domingo, setembro 04, 2011

Pomba na berma da estrada


Vi uma pomba pousada
Sozinha na berma da estrada
Sob o sol frio do dia
Sol que quase não existia
E avaliava a passagem
Do tempo como uma imagem
Num cinema sem memória
Uma viagem irrisória
Ou não avaliava nada
Porque não simbolizava
Nem paz, nem guerra calada
A pomba que não voava
Limitando-se a existir
A comer e a dormir
A pomba que hoje vi
A pomba que já esqueci

Imagem de: www.freestockphotos.biz (fotografia de Benjamin Miller).

sábado, setembro 03, 2011

Desacordo em dó menor


Para os para raios para descansar
Não veem que leem lapis no luar
Como um arco iris todo a despencar
Sob o céu agreste não hão de acordar
A treva atual no acordo a atuar

Imagem de: http://carissimascatrevagens.blogspot.com/. 
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