quinta-feira, junho 27, 2019

Livros velhos lançados ao lixo


Os livros são atirados
Grossas vagas de secura
Como um khamsin sufocante
Em apertados contentores

Resta a vida delirante
E os derradeiros estertores

Foram luz e alimento
Elevamento da alma
Revivemos dentro deles
E muito além, linha a linha

Resta a secura das peles
E a vida que desalinha

Imagem de: TSF

Rap do manipanso


Estou nas redes sociais
Entre os pontos cardeais
Canto sem expressividade
Sons que escuto na cidade
Ruídos de fundo do campo
Vida como o pirilampo
Lançando um flash confuso
Num mundo todo difuso
Samplo os outros, não imito
Sou especial como um grito
Sou mestre da arte urbana
Fugaz como foguete e cana
Foi mesmo assim que surgi
Desde o dia em que nasci
Um ídolo por nascimento
Sensível e violento
Tenho direito a falar
Tenho razões para sonhar
E quando me falta o ouvido
E me apago entre o ruído
Posso sempre trabalhar
Nalgum part-time regular
Mas sou ídolo de verdade
Nas telas da caridade
E apago e alimento o fogo
Sempre um dia até mais logo
Entre visualizações
Sou ídolo das minhas razões

Imagem de: National Geographic

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