The scream of the butterfly

Quero escutar o silêncio musical

Que, na contenção, narra a existência

E entender que, mais do que ciência,

A pausa é a harmonia toda natural

Calem os motores que matam a viagem

No interior das fábricas de entretenimento

Nas rodas das betoneiras cheias de cimento

E nas mentes plenas de parasitagem

O que é que fizemos a cada canção

Porque fizemos a borboleta gritar

E, no barroquismo do nosso expressar,

Plastificámos a respiração

Imagem de: Scalar

Relva húmida

Melros de bico dourado

Debicam nas gotas relvadas

Os restos de um desgraçado

De um gato preto, as pegadas

E as nuvens recobrem, pesadas

A esperança da primavera

As linhas de carros iradas

E a humanidade que espera

Está frio, um frio invernal

Que o ladrar dos cães não solta

Prende na continuidade igual

E eu tremo, com a mente envolta

Num sentir irracional

De frio e da vida revolta

Imagem de: Swardman