terça-feira, janeiro 31, 2006

Elegia nº 2


Os cemitérios cobrem-se, entre mármores gelados,
Com tapetes desmaiados de flores desiludidas,
Estátuas trágicas de olhares brancos
E lágrimas dissolvidas na terra, porque tudo é terra.
Nos cemitérios repousam os sonhos derrotados
Em batalhas inglórias, e os segredos silenciados,
Tão inúteis, que nunca ninguém desvelará.
Sob céus azuis, tão tristes, tão infinitos,
O vento varre as ervas e as folhas secas
Porque cada instante varre todos os instantes,
A própria terra e o divino nos céus,
A moral, os costumes e as civilizações,
As taças de champanhe, casamentos, baptizados e funerais...
Nada escapa à imensa vassoura do vento
E só a arrumação no cosmos se revela permanente.



Imagem de http://static.flickr.com.

Poema de Joaquim Camarinha

2 Comments:

Blogger Lila Magritte said...

La belleza macabra y perturbadora de los cementerios siempre nos abre los brazos en un extraño rito que hace presente lo transitorios que somos.

Beijo da terra e da vida.

4:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O cemiterio, a última morada de todos, seja no crematorio ou cemiterio, todos teremos um dia uma ultima morada

5:27 da tarde  

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