Dança dos sentidos
Os ritmos a serpentear nas colunas de som do café,
O assoar rápido, expressivo, da rapariga na mesa do lado,
As gargalhadas onduladas no grupo da frente,
A percussão moderna das colheres contra as chávenas,
O voltar de páginas cortado pelo toque do telemóvel,
"Ah, olá, és tu", vejo tudo amalgamado!
E a amálgama discreta também...
O deslizar da língua que humedece lábios,
O bater das pálpebras, rápido, nervoso,
Os dedos enrolando cabelos como cordas,
A caneta raspando notas tão importantes,
As entranhas cavas de alguém em movimento...
Vejo tudo amalgamado.
E um dia, alguém dirá, ou diria, por assim ver,
Que sofri de um desequilíbrio exótico dos sentidos
Ou que tomei alucinogénios às escondidas...
Imagem de www.deviantart.com (photoshop de Veselin).
Poema de Joaquim Camarinha
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