A dança
Nos corpos que se movem como sombras,
Todas as vidas e todas as mortes,
Todos desfeitos em sombras,
As sombras desfeitas em todos.
Sinto-me como se tivesse vivido mil anos
(E tenho a sensação de já ter lido isto algures)...
Reconheço todos os sons de todos os tempos
E todos os reflexos no meu copo de vinho
E as tonalidades todas das luzes, vibrando
E transportando-me simultaneamente ao passado e ao futuro.
Vejo tudo amalgamado...
Dêem-me já olhos novos,
Pulmões, fígado, coração,
Sobretudo o coração...
O vinho entornou-se e parece que é alegria,
Fantasmas deslizam copos sobre a superfície tinta,
O papel tingiu-se nas bordas
Mas a esferográfica persiste, a escrita automática...
Sinto-me como se tivesse vivido mil anos!
Quero dormir,
Dormir,
Dormir,
E nem mil anos me bastarão...
Imagem de www.3rdstreetgallery.com (tela de Katherine Kurtz).
Poema de Joaquim Camarinha
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