sexta-feira, dezembro 30, 2005

Corda bamba

Com os olhos bem fixos na corda bamba,
Rápida e fugaz como uma mamba,
O chão colado à recta multiplicada,
A queda, a expulsão, esperança esmagada...

A vida triturada, o cosmos a gargalhar,
Preso à corda no chão, numa cama crepuscular,
Num samba desconexo, o corpo feito muamba,
Com os olhos bem fixos na corda bamba.

O arrepio na barriga exageradamente lisa,
A tímida passada, absolutamente imprecisa,
Os planos, tudo é plano, vermelhão,

Escuto a voz que se aproxima, uma canção
Despida de sentido e sentimento, toda a nu,
Melodiosa morte, sorridente, a vida a cru.



Imagem de www.ecossefineart.com (tela de Alexander Millar).

Poema de Joaquim Camarinha

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