quinta-feira, dezembro 15, 2005

Álvaro de Campos revisited

Como Álvaro de Campos
Carregava o heterónimo Pessoa,
Carrego eu também outra pessoa...
Eu é que sou! Eu e mais ninguém.
Porque, como Campos, choro lágrimas verdadeiras
E rebolo-me em auto-piedade
Das pequenas desgraças, míseras e ridículas
De alguém que os outros vêem e eu sinto apenas.
Sacrossanta auto-piedade dos autores hipersensíveis!
(Já o pai do outro o afirmava)
Quero ser eu e nunca o outro!
Nunca o que procura a aprovação alheia
E escreve com forma, rima e ritmo!
Deixo o suicídio, fraco e patético,
Para os que levam vidas anónimas
E são, no entanto, demasiadamente importantes para blogar...
Na verdade,
Deixo o suicídio para ninguém,
Porque eu é que sou,
Eu e mais ninguém,
Eu mais as minhas lágrimas alheias.



Imagem de www.sierrabravo.co.uk.

Poema de Joaquim Camarinha

advertising
advertising Counter