No sono da vida
Numa primeira versão, este texto era mais violento. Censurei-me, no entanto, porque o choque fácil e a ausência de contenção são a arma principal e a fraqueza maior dos artistas desinspirados. Prefiro oferecer-vos um Joaquim Camarinha sem fogos de artifício...
Gostas assim...
De quê precisamente?
Chupeta, biberão, roca, ursinho...
Gostas e fazes.
Nada deves a ninguém.
Sugando corações, pilhando almas!
Aproveita o tempo que te é dado
Porque não há recompensas, nem castigos, nem lições para aprender...
Tudo é totalmente vago.
Abraça, aperta bem quem amas
Como a piton abraça quem devora!
Depois, revitaliza-te,
Olhos cerrados, pálpebras brancas
Contra a alvura opiácea do linho fresco,
Inutilmente esperando que monstro algum te venha capturar durante o sono.
Imagem de http://home.eclipse.net (tela de Fuseli).
Poema de Joaquim Camarinha
5 Comments:
Voltei...
Que imagem!
Que palavras!
Alguém não está bem com a vida.?! Será?
um abraço:)
Obrigado pela visita, Julinha. É bom, inclusive, ter visitas - e vistas que regressam - num blog de poesia, já que uma grande maioria de pessoas, por uma infinidade de motivos, não lê nem quer ler poesia...
Alguém não está bem com a vida? E quem está? Outras vezes, está-se..."Tudo é totalmente vago". E quem não estará bem com a vida? Eu ou o meu heterónimo desconhecido (o obsessivo que insiste que eu é que sou heterónimo)? Caso para pensar... Se calhar, nem há heterónimos a sério, a não ser nos universos idealizados dos teóricos, precisamente os doidos inconsequentes que afirmam que Pessoa era esquizofrénico... Nunca devem ter visto casos de esquizofrenia.
Mas a poesia é como uma foto - capta momentos e capta-os com o estilo próprio do fotógrafo. Eu diria que o Camarinha (eu) pensa bastante, se calhar pensa demais para alguém com 34 anos. De onde é que lhe vem a experiência? É verdade que saiu cedo de casa e teve que fazer pela vida em diferentes países com gente diferente...
Abraço.
Sem fogos de artificio...
Gostei assim...
Deste envolver de acções e emoções que ao mesmo tempo são retratas neste seu trabalho.
Beijinhos.
Todos os dias venho cá, desde que o descobri, claro. Eu quero poesia, bebo poesia todos os dias, aliás não passo um dia sem um poema.
Tem toda a razão,quem está de bem com a vida?
Talvez poucos, a minha também é complicada, muito, mas vou caminhando.
É estranho, parece que o conheço, pois neste momento apetece-me falar, falar... ou melhor escrever para si. Engraçado, estou a escrever e a sorrir, é raro em mim, o sorriso. Peço desculpa pelo abuso.
Já tive oportunidade de ler a narrativa que fez da sua vida e admiro a sua força, sair de casa, a vida noutros países, a idade não conta, acredite.
Não deixe as letras, por si, por mim :) e por tantos outros que não conhece.
Espero novos poemas, novas imagens.
Virei todos os dias.
Um abraço, e porque não... um beijo.
Maria do Céu, é sempre bom ver-te por cá! :)
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