sexta-feira, maio 17, 2019

Testamento vital


Tenho o corpo só de sons, palavras e colorações
O meu cérebro é um romance, o meu sangue uma colcheia
Tantos anos a passar e os sons são uma colmeia
De onde fluem ferrão, mel, razão, sonho, intuições

Doutor, quero um atestado e um testamento vital
Para descansar por instantes e para me prevenir
Contra as moléstias das artes que ainda estejam para vir
Que me façam contorcer de modo inconvencional

Há quem se dê ao hospital, quem chegue a enfermarias
Um dia que pare de ouvir e a visão seja roubada
Não quero saber do Estige (não quero saber de nada)
Dissequem-me aos bocadinhos em mesas de academias

Imagem de: coolinterestingstuff.com
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