Não é poesia: RTP, etc.
Sem pretender de modo algum revelar simpatia pelas calinadas da Troika (que nome!) e do atual governo, acho igualmente que me sentiria mal comigo mesmo se não deixasse aqui bem claro que estou farto de os ouvir a todos, da direita à esquerda e da esquerda à direita e que poderia constituir uma atitude de alguma responsabilidade por parte da malta aparentemente importante que vai surgindo nos canais de televisão (que, claro, não sou obrigado a ver, tanto mais que o que não falta é canais no Cabo, livros para ler, coisas para escrever e muito mais) se compreendessem que a paciência não abunda e que, contrariamente ao que dizem do meio das suas bolhas de oxigénio, a maioria das pessoas não está mesmo nada com eles.
Isto vem a propósito, antes de mais mas a propósito de tudo, do presente folhetim da privatização da RTP. Os indivíduos ligados à RTP não concordam? Mas que admiração! Como é que quem lhe vê fugir o tapete debaixo dos pés e correr o risco de passar a ser responsabilizado, a deixar de sugar o erário público para fornecer um serviço no qual, de tanto ser igual ao de qualquer outro canal de sinal aberto, não me recordo de encontrar nada de público? A esquerda não concorda? Que espanto! Pois não é um facto bem documentado que, para a esquerda, tudo o que é público é louvável, pouco importando que se trate ou não de um negro poço sem fundo, e que tudo o que é privado é obra de um qualquer satã de pacotilha e do seu exército de diabretes medievais? A direita está de acordo? Que estupefação! Então não é verdade que tende a pensar o mesmo que a esquerda, só que em sentido oposto, mesmo se é visível que as privatizações nacionais, talvez fruto não só de cumplicidades como também da nossa pequenez, têm, regra geral, levado a nada mais, nada menos do que à constituição de cartéis que prejudicam simultaneamente o Estado que se supõe representar os cidadãos e os próprios cidadãos?
Diferenciem a RTP, ponham-na a viver de si mesma ou com meios muito mais modestos, façam dela um efetivo serviço público e pode ser que eu e (já que está na moda dizer que todos os portugueses pensam como nós e assim se manifestam) os restantes portugueses se preocupem com esse ridículo fait-divers que é a privatização da RTP. Muito bem, talvez a 2 se possa classificar como um serviço público q.b.... Mas quando vejo, como vi, um programa da 2 na RTP Internacional que parecia pura propaganda bolchevique/gonçalvista e que assim passou, não só para Portugal como para todo o mundo lusófono, pago certamente apesar de cheio de incorreções de índole puramente ideológica e que parecia particularmente dedicado ao falecido capitalista Champalimaud enquanto ataque pessoal que pouco interesse público terá, logo mais mentirosa que simplesmente inverdadeira, fico com algumas dúvidas...
E isto, numa outra dimensão, faz-me pensar nos atabalhoados/experimentais concursos de, hiperbolicamente falando, milhões de professores dos quadros em 2012, porque, penso eu, o MEC poderá ter optado por fazer tudo aparentemente em cima do joelho com os olhos efetivamente postos em 2013, e no divertido diálogo que mantive, via email, com um responsável da Fenprof, indignadíssimo (chocadíssimo, como o brilhante líder do PS tornou moda dizer-se, ou inaceitável, idem aspas) pela pergunta que levantei: "Como é que a Fenprof permitiu que se chegasse a isto?". Em outros termos, como é que quando Sócrates estava no poder, com governo maioritário, a Fenprof teve poder e agora, com um outro governo maioritário, a Fenprof (que entretanto passou de "amiga" de todos os professores a auxiliar apenas quem for sindicalizado) parece uma galinha depois de lhe cortarem o pescoço, perdoem-me a expressão? Não estou a ver exatamente a diferença abismal, exceto pelo lado da Fenprof...
Mas pronto, disto da Fenprof ninguém sabe nem quer saber. Fiquemos-nos, então, pelo todo... Passei o mandato de Sócrates, a estranha personagem que conseguiu hipnotizar quase todos os portugueses, quer comprando-os, quer vendendo-lhes as ideias peregrinas de que estava a fazer o que mais ninguém jamais tinha tido coragem de fazer e que se tratava de acabar de uma vez por todas com as "benesses corporativas" de alguns "privilegiados" vindas da "balda do 25 de Abril" (não estou a colocar as palavras na boca do homem, mas ele, que é suficientemente esperto, saberia bem do que falo), a pregar no deserto e a ser olhado desconfiadamente pelo canto dos olhos. Porque é que haveria agora de me preocupar com um Sócrates de segunda casta como o nosso caro Miguel Relvas?
Sabem que mais? Destruam tudo (ou quase tudo) e reconstruam a partir do nada, a ver se ocorre algum milagre de Nossa Senhora de Fátima. Até lá, estou farto de os ouvir. A todos. E mais: Morra o Dantas! Morra pim!
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