Servidão
Aos servos não resta senão servir
E se chegam a senhores, outros servos hão de vir
Para, entretanto, servirem sorrisos sempre a fingir
Para sorrirem sem jeito a vingança por cumprir
Eles estão em toda a parte:
Nas cozinhas, nas sanitas
Nos palcos fazendo fitas
Treinando o fingir com arte
Ou sem arte, de través
Porque não são razoáveis
Nunca se mostram amáveis
E alçam-se em bicos dos pés
Aos servos falta uma peça:
Entender que todos nessa
Mesa de puzzle jogamos
Ou que me dói a cabeça
Um instante, esquece a dor...
Sorri com dever, pontual
Traz-me um cocktail tropical
E eu mudo o cartomizador
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