Os órfãos
Os órfãos congregam-se junto ao cordeiro
Em roubos e dádivas ritualizados
Em paixões e ódios tão amalgamados
Que esquecem a chuva e o nevoeiro
No entanto, lá fora tudo é intraduzível:
A nuvem que passa, se esvai e ressurge
A hora que tarda, o tempo que urge
O vento e o tufão e a brisa invisível
Sacrificam vidas em opacidades
Expiam pecados que não desejaram
Tudo o que disseram, tudo o que calaram
Tudo o que imolaram em efemeridades
No entanto, lá fora tudo é inominável:
O infinito escuro e incompreensível
A abstracção eterna da razão possível
As rochas e as plantas e a vida mutável
Os órfãos congregam-se no enjoo do incenso
À luz reprimida que cai dos vitrais
E gemem, por vezes, longe dos demais:
Senhor, Senhor, porque é que Te penso?
Imagem de: http://inprofundo.blogspot.com/.
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