Guinchar moderno
Há um chiar de pneus constante
Abaixo, à direita de onde moro
Um chiar estranho e irritante
Como um intuir tonitruante
Em agudezas que perfeitamente ignoro
É coisa de automobilistas
Adultos e documentados
Conduzindo ligeiros e pesados
Tementes a uma lomba minimal
Como se fosse natural
Chiar e buzinar nas autopistas
Por vezes, quase creio um acidente
Daqueles com muitas tripas derramadas
Que inundam de sangue estas estradas
E afinal é só a lomba recorrente
É moderno e recorda-me o antigamente
Nós em bicletas vinte e quatro
Em saltos de risco adolescente
Em dias de sol iridescente
Nós em bicicletas vinte e quatro
Saltando a idade e os descampados
Pelos terrenos fora esburacados
É a modernidade guinchadora
Nervosa, falsamente lutadora
E a vida dos que moram nela agora
Imagem de: http://merrymerryquitecontrary.files.wordpress.com.
2 Comments:
Adorei!!!
Poema interessante e tão actual!
Como compreendo o incómodo de ouvir recorrentemente este chiar!
Pergunto-me se a lomba se verá mal ou se as pessoas circulam demasiado depressa onde não devem!
Beijo e não deixes de escrever.
Ora muito obrigado pelo comentariozinho! Sei que sabes do que falo, seja no sentido mais literal, seja no mais literário... O que é uma lomba, no fundo? Será que eles imaginam que a lomba os poderá arrastar ainda mais fundo? Como gosto de usar o termo "eles"! E eis-me, assim, quase a esboçar mais um poemeto... Muitos beijinhos!
Enviar um comentário
<< Home