Em directo do teclado
vejo os tortos e os mortos e os chorados aguardados inscientes maltratados e os doentes e os descrentes e os cansados deserdados todos os descamisados todos os amordaçados e os distantes delirantes e os abusadores gritantes os sóbrios os extravagantes vão cavando lentamente o seu futuro presente sete palmos sob a terra e a humidade dos vermes roendo nas epidermes o ciclo da alimentação forjando a vã sedução e a vaidade desgraçada dos que perderam a estrada e crêem que existe tudo e o grito espantoso do mudo e vejo e sinto nos outros o deus que abandona todos o demónio o manicómio aos rodos aos rodos aos rodos e vejo tão claramente eu bactéria desbocada eu vírus no meio de nada o que deve ser calado ignorado o que é pecado no altar dos mentirosos dos falsários dos leprosos e o corpo tão necrosado e não posso estar calado não posso ficar calado vejo tudo ao microscópio monocromático anedótico tristeza na gargalhada vejo o nada vejo o nada desafio a própria morte com tanta maior coragem quanto maior o temor exigido pela viagem forja de prazer e dor
Imagem de: http://web.ncf.ca (foto de Oliver Gagliani).
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