Cães amarelos numa reserva (trova do tempo que passa)
I
Ninguém conhece o paradeiro dos blindados
Mas o que importa o paradeiro dos blindados
Se os líderes falam coisas repetidas
E as esposas compram galos de Barcelos
Se se passeia entre a Finlândia e Portugal
E alguém se irrita por momentos, manchas negras
E a lei contém ninguém em pose erecta
E tudo segue sempre em linha recta
Um dia de feriado para Lisboa
E o Papa aceita a bem as camisinhas?
E algures em grutas no Afeganistão
Alguém vive em ruído e confusão...
II
Há, atrás da cerca, junto a onde moro
Uma família que ocupa uma reserva
São cães amarelos, todos eles, uma família
Encharcados pela chuva, cheiro a cão ao sol
Cães amarelos, silenciosos, em matilha
Sem coleira nem identificação
Ausentes do surgir de uma construção
Cães cuja presença toda a gente ignora
Os derradeiros índios pela rua fora...
Imagem de: www.indiashots.com.
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