quinta-feira, novembro 27, 2008

Fumo ascendente





O fumo que ascende devagar daquele quintal
Tão calmamente como ninguém que hoje exista
Desperta em mim um sentimento intemporal
Que também ascende até se perder de vista

O que há em baixo existe em cima reflectido
E no entanto imensamente fragmentado
Como o que é hoje certo e ainda assim perdido
E as vagas imagens diluídas do passado

E assim misturo a infância e rugas bem marcadas
Tão longas como o fumo em breve desfeito
E arranha-céus cinzentos e casinhas caiadas
Lembranças transformadas no fundo do peito

Não sei se é o ilusório que paira na vida
Como uma sombra dura a martelar a fronte
Mas sei que o pensamento é uma maré comprida
E eis-me entre as margens de um rio sem ponte


Imagem de: www.hatchergun.com.
advertising
advertising Counter