Jaz morto Sebastião
Porque não se pode viver à sombra de sonhos mal direccionados e de falsos profetas. Porque urge uma verdadeira cultura democrática que substitua eficazmente o populismo socialista niilista e a pesada hipoteca do nosso destino colectivo que acarreta. Porque não há fatalidades colectivas, salvo as que colectivamente fabricamos e somos levados a fabricar. Um poema anti-sebastianista e anti-mito do Quinto Império, sendo o Sebastianismo um dos factores que mais contribuiu e contribui para a miséria económica, moral e social deste país improvável, ultimamente transformado num campo de batalha ao serviço de interesses inconfessáveis.
Jaz morto o inepto em Alcácer-Quibir
Cavalos o pisam de um qualquer vizir
Na terra-madrasta onde o sol se apagou
É inverno pleno e o tempo estacou
Há, certas vezes, quem mal o aviste
Por entre a neblina de uma manhã triste
E assim se desfaz Sebastião de palha
Em chamas cantado pela maralha
Que inferno é este, fogo congelado,
Um auto de fé nunca terminado,
O lémure das cinzas sempre renascido
E o povo entre os mortos, cadáver esquecido?
Imagem de: www.americaslibrary.gov.
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