O enforcado
Cego como a justiça dolorosa
O enforcado estende o olhar curto ao infinito,
A miopia ao longo da planície seca e pedregosa...
O enforcado esforça o olhar mas não tem fito.
Que mão pesada secou os fontanários do passado?
Quem impôs este sol amarelo e doentio?
Quem fez dos pomares todo um planeta estagnado?
Quem ousou calar o gorgulhar do rio?
Ao longe, um castelo de cartas periclita
Prestes a lançar-se ao vento em caos total...
E o enforcado, que olha mas não fita,
É a carta mais fácil de tombar no pantanal.
Imagem de www.bewtchingways.com.
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