Desejo de ser fotão
As telas amadoras nas paredes,
As fotos em molduras que as contêm,
Cada ser entregue à sua vida,
Cada ser conversando para o seu lado,
As cores variadas como se homogéneas,
As mesas com tampos de vidro reflectindo o tecto,
As cadeiras almofadadas em tons incompreensíveis,
A vidraça, grande, de onde se vislumbra,
Se vislumbra o quê? Mais coisas e outras coisas,
Cada uma com a sua personalidade tão igual,
Cimentos, colunas, vidraças e gente passando,
Cada um passando para o seu lado...
Sentimentos flutuam como sons
E risos e choros e pensamentos tão voláteis!
Nada é real, nem sequer o próprio rei.
E quem me dera ser um minúsculo fotão
Que só o fosse, talvez, ao toque do interruptor...
Imagem de www.pixiport.com (foto de Bogdan Zwir).
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