Uma Puta
Amarela, sorriso trancado,
Gelado, a puta do idiota,
Que odeia o outro e a si
E não sente coisa alguma.
Junta na sombra em que vive
As jóias e as más intenções
Para a velhice, a flacidez, o olhar de peixe.
Transforma rapazes em homens
Como um sargento crispado
E lembra sempre, esquecendo,
No cano da sua arma,
Em marcas feitas com unhas,
Em marcas vermelho sangue,
Em sangue tão incolor,
Os animais que caçou.
Não tinha que ser uma puta,
Podia ser respeitável
E puta,
Tão puta para todos...
Um dia, seca enfim, poeira, pó,
Deixará as economias ao coveiro
E as memórias a um editor.
Imagem de www.reevesstudio.com (de Esther Reeve).
Poema de Joaquim Camarinha
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home