Elegia
Como há igrejas belas e pacíficas
E céus tão azuis que nos esmagam
Com o peso do universo inteiro.
Nos cemitérios e nas igrejas, belos,
Há muitos granitos, mármores incontáveis,
Anjos da guarda chorando a incompetência,
Todas as lágrimas que salgariam sete mares.
Além dos gélidos mármores, encontram-se
Todos os que não mais abraçaremos,
Todos os que não mais escutaremos,
Todos os que um dia chegámos a achar ridículos...
E olhando-nos agora nos espelhos
Deste universo onde tudo é impermanente
Ficamos face a face com o nosso próprio ridículo
Porque nada entendemos do etéreo nem do relativo
E porque todos, tantos, sempre permanecerão ausentes
Da mesa onde repartimos copos e bebemos para esquecer.
Imagem de www.melancholy.com (capa de Joy Division).
Poema de Joaquim Camarinha
3 Comments:
Deste "Elegia", tirei este fragmento onde acentou a minha leitura.
"...Deste universo onde tudo é impermanente
Ficamos face a face com o nosso próprio ridículo
Porque nada entendemos do etéreo nem do relativo..."
Cumprimentos.
Acho que é na saudade que nos encontramos e que recuperamos as pessoas que embora ausentes farão sempre parte de nós.
Obrigado pelos comentários. Quem não faz arte tem, frequentemente, a ideia errada de que o artista trabalha exclusivamente para si. Certo, o artista, se não for um artista pop levado por estudos de marketing, digamos então algo como um calceteiro da arte, trabalha para si... e para os outros. Deveria, parece-me, ser bastante óbvio. Basta não ser autista.
Assim sendo, é bom sabermo-nos lidos e apreciados. Continuem a deixar os vossos comentários sempre que vos apetecer...
Ah,quem quiser ter o trabalho de linkar para aqui também pratica uma boa acção pelo que será, digo eu, recompensado no céu. ;)
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