sábado, setembro 17, 2005

Quem é Joaquim Camarinha (parte 1?)



Nome completo: Joaquim Alberto de Sousa Marques Camarinha

Data de Nascimento: 15 de Dezembro de 1970

Local de Nascimento: Coimbra

Hora de nascimento: 9 da manhã

Signo solar: Sagitário

Signo Lunar: Caranguejo

Ascendente: Sagitário

O pai, António Jorge Andrade Camarinha, e a mãe, Maria Fernanda de Sousa Marques, ambos professores no liceu Infanta Dona Maria, em Coimbra, tiveram-no já um pouco tardiamente para a época, com respectivamente 42 e 36 anos de idade.
A infância de Joaquim não teve muito de notável. Filho único, mimado pela família, sempre revelou um espírito de grande independência e uma tendência inata para as letras. Ainda nos primeiros anos da escola primária, já compunha pequenos poemas inspirados em coisas que tinha lido, e compreendido ou não, na vasta biblioteca do pai, que os guardava ciosamente na carteira e os mostrava frequentemente e com orgulho aos amigos.
De igual modo, sempre demonstrou forte interesse pela música e pela pintura. Ainda criança, revelou interesse pelas músicas reggae, punk e new wave, enquanto os amigos se preocupavam mais com os últimos êxitos dos Queijinhos Frescos. Bem gostaria, nesse tempo, de usar, consoante a época, blusões de couro com correntes e alfinetes ou gabardinas escuras até aos pés... Mas o pai, pessoa afável mas conservadora, principiava a preocupar-se com tudo aquilo que não compreendia (ou não aceitava para o seu próprio filho) e procurou incutir-lhe o gosto pela música séria e pela literatura. Foi assim que o matriculou numa escola de música, que Joaquim apenas frequentou um ano, sendo que a directora da escola comentou que aquele aluno não tinha “nem capacidade nem qualquer tipo de interesse”. Já no tocante à literatura, Joaquim sempre devorou livros, nomeadamente de poesia ou prosas que o transportassem a outros locais e a outros tempos. O desejo de fuga manifestava-se nele desde cedo.
E era como que uma previsão do que estava para vir… Findo o ensino secundário com notas meramente regulares, Joaquim foi posto fora de casa pelo pai, ainda que com forte oposição da mãe, pessoa, entretanto, fortemente influenciada pelo marido, por ter sido encontrado a fumar haxixe no seu quarto, rodeado de revistas pornográficas.
A zanga manter-se-ia, mais por ausência de contacto do que por teimosia, durante vários anos. Entre 1990 e 1998, Joaquim viveu primeiramente em Barcelona e, de seguida, em Paris, Amesterdão e Londres. Foi em Amesterdão, precisamente, que aprendeu a profissão de barman, a qual continuou a exercer durante a sua estadia em Londres. Em Dezembro de 1998, o seu vigésimo-oitavo aniversário completado, sentiu-se atacado de uma súbita nostalgia e foi assim que apareceu, no final do ano, a bater à porta de casa dos pais, como um fantasma subitamente emergindo do passado.
Sentiu-se de tal forma bem recebido que acabou por optar por não regressar a Inglaterra. O país, com as mudanças que sofrera entretanto, despertou-lhe igualmente a curiosidade. No início de Janeiro, telefonou a Jane, a sua namorada inglesa com quem planeava casar-se, e colocou um ponto final no namoro. Joaquim conhecera muitas mulheres durante os oito anos passados fora e aprendera a não se ligar demasiadamente a quem quer que fosse, ainda que sempre atraído pela ideia de constituir família, o que o poderá ter levado ao relacionamento mais íntimo com Jane. É possível que uma e outra faceta, aparentemente contraditórias, se liguem ao facto de ter simultaneamente o Sol e o Ascendente em Sagitário, enquanto Caranguejo é o seu signo lunar. Bom, isso apesar do facto de Joaquim não acreditar na Astrologia, ainda que se interesse por ela como por tantas outras coisas…
O pai tentou convencer Joaquim a reiniciar estudos, enveredando por um curso superior. Mas a ideia não atraiu Joaquim, sempre avesso a ler e aprender o que os outros desejassem mas ele não, embora sempre ávido de novas descobertas em todas as áreas, um curioso nato.
Em Maio, Joaquim partiu para Lisboa, onde viveu durante quatro anos num quarto alugado na zona de Benfica.
No final de 2002, de visita aos pais pelo Natal, conheceu num bar uma rapariga do Porto, Carla, que lhe despertou o interesse pelo Norte, que conhecia muito mal. Não regressou a Lisboa. Iniciou desde logo uma relação descomprometida com Carla, mais por sua vontade do que dela, e mudou-se de armas e bagagens para o Norte, onde tem vivido num apartamento de um só quarto localizado em Matosinhos, trabalhando à noite como barman em diferentes locais: primeiramente na Ribeira, de seguida na Boavista, actualmente em Matosinhos. O contacto com Carla perdeu-se, embora ela lhe tenha telefonado várias vezes, de forma crescentemente distanciada, após Joaquim ter colocado um fim no namoro.
Actualmente com 34 anos, diz Joaquim a propósito da poesia, que nunca deixou de escrever: “A verdadeira arte poética está na contenção. Na contenção e na capacidade de misturar palavras, imagens e emoções. É isso que procuro fazer. Desprezo e não compreendo a poesia que se fica pela palavra ou que sacrifica tudo à forma”.
Relativamente à sua dificuldade em manter relacionamentos estáveis, afirma: “Já vi e vivi alguma coisa... E ainda não me sinto cansado nem perdi a curiosidade que ataca sempre que vejo algo que, aos meus olhos, traz algo de novo. Gosto de crianças, agrada-me a ideia de um lar feliz, tudo isso… Mas tenho tempo. Para já, a minha vida está perfeitamente preenchida da forma que está, gosto da noite e dos contactos, embora, por vezes, a minha cabeça fique cheia de ruído, ruído de coisas e de pessoas. Não gostaria de me casar e acabar a atirar e a desviar-me de pratos de quem quer que fosse, tanto mais que a louça está cara. Talvez não acredite no amor… Já tive tantos amores e tantas oportunidades de ver que as motivações das pessoas são basicamente egoístas, mesmo quando ninguém se apercebe disso… Ou talvez não tenha tido amores verdadeiros, talvez preze demasiadamente a minha independência… Haverá, possivelmente, quem me ache egoísta. Mas a essas pessoas eu digo para se auto-analisarem e tentar perceber se não serão elas próprias egoístas. Bom, talvez não acredite no amor e talvez até queira acreditar. Mas é difícil, não é? Andamos todos à procura da perfeição e, essa, acho que verdadeiramente não existe. Penso que se trata de mais um sintoma da sociedade de consumo. Mas não excluo a hipótese de encontrar alguém. Ou de ser encontrado… Essas coisas são sempre um pouco misteriosas e é também isso que as torna tão apropriadas para a poesia…”
Interrogado sobre a falta que a frequência de um estudo superior possa manifestar na sua poesia, Joaquim diz: “Cresci no meio de livros e de cultura. Aí, acho que tive boas bases. Sou naturalmente desprendido e não me agrada a ideia de aprender o que queiram impingir, não vejo qualquer interesse nisso para mim enquanto ser humano. A informação é tanta actualmente! Nunca deixei de aprender e não acho que me saia muito mal. Estou sempre a crescer. Quem não gostar do que eu faço, paciência… A escolha é tanta que tem que haver lugar até para mim!”

Informações recolhidas pelo autor do blog junto de Joaquim Camarinha.


Imagem recolhida pelo autor do blog.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hi. Sorry for typing in English. I do understand Portuguese and I love your poetry, so full of its own personality and a certain kind of humor too, but it's a lot harder for me to express myself in Portuguese without making mistakes. :) Anyway, I was amazed at the fact that you're even really buiding the character fully. Very good. I know you great poet, Pessoa, did it unders several - and not just one - assumed names. But I always thought he was unique. Well, you're not him, I mean, you're different but I truly think you're good. And I hope you get the place I think you probably deserve in literature. All the best from California. :)

12:45 da manhã  

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