Escorpiões do deserto
Penso nos escorpiões do
deserto
Entre o ocre seco do horizonte
E a rota da seda e Corto
Maltese
E a reta da sede e a caça
fugaz
E o céu a rebentar em tons assassinos
Como o fim dos tempos, explosão
iminente
No vermelho-sangue e oásis de
lama
Movem-se em silêncio sob as vastas
dunas
Eles que se não escutam, nem no
pensamento
São um momento estranho, contido
e isolado
Que se alonga e arrasta para além das coisas
O dia seco e quente que os não
aniquila
A noite aberta, escura, o gelo
tão belo
A areia cegante, mole
arquitetura
Até ao início, pelo meio, no fundo
Pingando veneno nos grãos espelhados
Um jipe estrangeiro morre na
miragem
Metáfora alguma, literatura
lata
Escorpiões ocultos sob o céu
de prata
Imagem de: GoodFon.com
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