segunda-feira, junho 22, 2020

Escorpiões do deserto



Penso nos escorpiões do deserto
Entre o ocre seco do horizonte
E a rota da seda e Corto Maltese
E a reta da sede e a caça fugaz
E o céu a rebentar em tons assassinos
Como o fim dos tempos, explosão iminente
No vermelho-sangue e oásis de lama
Movem-se em silêncio sob as vastas dunas
Eles que se não escutam, nem no pensamento
São um momento estranho, contido e isolado
Que se alonga e arrasta para além das coisas
O dia seco e quente que os não aniquila
A noite aberta, escura, o gelo tão belo
A areia cegante, mole arquitetura
Até ao início, pelo meio, no fundo
Pingando veneno nos grãos espelhados
Um jipe estrangeiro morre na miragem
Metáfora alguma, literatura lata
Escorpiões ocultos sob o céu de prata

Imagem de: GoodFon.com

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