Alma dormente
O cosmos aparenta congruência
Mesmo no monólogo negrume
E até com o encenador ausente
E o autor longe e indolente
Os atores julgam-se no cume
Do Parnasso, face à
assistência
Escuta-se o vendaval estelar
E crê-se ser uma conversa
Um qualquer dialogar coeso
Um linguajar em nada preso
Uma troca larga e extroversa
Um sentido em tudo a combinar
Mas doi-me o complexo neuronal
Como a um escritor todo
embrenhado
Numa escrita entaramelada
De que não entende quase nada
Como a um orador envergonhado
Do seu discurso irracional
As nuvens, no azul sem fim
São belas, o vento a dançar
É belo, o sol a rasar figuras
É belo, cumes e planuras
São belos, até o pensar
E o dizer não, talvez e sim
Mas doi-me o que chamam mente
Por tudo desconhecer
Por não saber conversar
Por não saber como estar
Por não saber como ser
Por ter a alma dormente
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