Aniversários
O
meu aniversário foi há muito tempo
Tanto
que só o consigo relativizar
E
tornar Einstein numa espécie de anti-herói
Dos
sonhos desvanecidos ao despertar
Reuniamo-nos
à volta da mesa, sim
Cantávamos
a lengalenga do costume
E
nada disso me traz lágrimas aos olhos
Exceto
ocasionalmente os que morreram
Mas
nem todos os que morreram
Ou
seria eu o maior de todos os mortos
E
não sou
As tias, tios, primos, primas dissolveram-se
Os
amigos são um continuum espaço-temporal
E
eis-me no buraco negro de nós todos
Sorvendo
a luz ténue das velas agora no lixo
As
paredes não estão de todo descascadas
Porque
os muros são uma ilusão do homem
E
estou eu no centro para me aborrecer de mim apenas
Tudo
o resto é ilusão e deixo o drama para outros
Vendo
bem, todos os anos faço anos
Mesmo
gostando de dizer que só existo
É
uma pecha literária e pouco mais
Somos
poucos, mas muitos são desnecessários
Vamos
a um restaurante, bebemos vinho
Comemos
bem, cantamos os parabéns
E,
até ver, continuo a flutuar nas vagas
E navegamos normalmente
até um dia
Imagem de: www.diabetesdad.org
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