quinta-feira, outubro 04, 2012

Politiquices

De modo muito breve, estava eu a almoçar muito pacatamente após uma manhã de trabalho, eu que sou português como os portugueses de que tanto se fala ultimamente, e fiquei fisicamente indisposto com o debate das moções de censura lançadas pelo PCP e Verdes (sendo que os Verdes não existem e que estão na AR à custa de decisões de secretaria; sendo, inclusive, que nem poderiam nunca existir tendo em conta as catástrofes ecológicas causadas propositadamente em diversas circunstâncias históricas pelos países do bloco de Leste, nomeadamente o grande suserano URSS), assim como pelo imparável Louçã (o que não consegue disfarçar a sensação de repelência quando tem que beijar populares durante as campanhas eleitorais). Poder-me-ão perguntar por que motivo me dei a essa circunstância não metafórica de ganhar uma indisposição gratuita... Porque tenho por hábito manter-me informado tão diretamente quanto possível e não exclusivamente pelas manchetes dos tablóides que nos pretendem governar insensatamente - como é, aliás, prerrogativa de qualquer tablóide.
Várias coisas me indispuseram... Por um lado, a má educação dos "uhhs" e dos insultos quase histéricos enquanto o ministro das Finanças falava. E diz a boa educação que não se interrompe um discurso, muito menos com "uhhs". Significa isso, para mim, que os deputados que o fazem têm manifesta falta de educação.
Por outro lado, a persistência no lançamento pseudodesportivo de epítetos insultuosos (a que eu garanto que responderia de forma muito cínica, mas são feitios...) e na ideia peregrina e anacrónica de que o facto de termos assistido a manifestações de rua com alguma dose de atos de vandalismo (o que ultrapassa o direito à indignação e à manifestação) tem algum tipo de significado profundo de revolução. Finalmente, a insistência em soluções que não podem realisticamente ser soluções, a ausência absoluta de uma atitude de união construtiva e do reconhecimento de que não se pode ter o que não se tem e que as coisas não surgem miraculosamente simplesmente porque as imaginamos ou as desejamos com muita força. Pergunto, aliás, onde estava toda esta verve durante a ditadura de José Sócrates...
Eu, que sou professor e tenho vindo a pagar (e assim continuarei) particularmente pelo desgoverno ideológico da classe política; eu, que tenho vindo a pagar com a noção de que as gerações presentes e futuras pagam comigo, ainda que não necessariamente com conhecimento das causas; eu tremo de ver a irracionalidade absoluta continuar a fazer tremer Portugal.
Cobram-nos a fatura de mais de 30 anos de politiquices. Se no início tinham graça, já a perderam há muito, principalmente quando nos deparamos duramente com os resultados totalmente previsíveis das mesmas. E como uma deputada do PSD (partido em que não voto e que é apelidado de extrema direita neoliberal - coisas que, aliás, não se coadunam nem política nem economicamente e demonstram, no seu uso simultâneo , mero fanatismo e ignorância; ou o fanatismo a cobrir de fumo e chamas que se pretendem alastrar a todo o país o conhecimento) afirmou, é a Troika (como já antes comentei, que estranho nome!) que paga àqueles deputados para lançarem as suas moções de censura que não poderão obter quaisquer resultados práticos por falta de votos. Politiquices e antipatriotismo, a história o dirá. Eu acrescento às palavras da supracitada deputada o que é óbvio, ainda que nas minhas próprias palavras: são os contribuintes quem paga àquela corja de inconfiáveis para clamarem as suas politiquices aos olhos de Portugal e do mundo. E seria bom que os censores (porque quem censura é censor, certo?) tivessem, pelo menos, essa tão fácil noção. Tendo em conta que alguém, do meio da sua fogueira de vaidades, se importasse, naturalmente...
advertising
advertising Counter