Os espectros
Os espectros
perseguem-nos no escuro
Sem
pertença ao futuro ou ao passado
Essas
sombras que não são de nenhum lado
Essas
coisas infantis de olhar impuro
Vagueiam
talvez pelo não-lugar
Que sentimos
como algo real
Onde se
esbate todo o bem e o mal
E onde se
dilui todo o pensar
Não são
metáforas de nada
São o mero
vácuo e a negridão
Os restos crus
de uma indigestão
Ou os sons
sentidos da noite calada
E não
servem qualquer finalidade
Nem de nos
fazer pensar no universo
Nem de nos
fazer criar um verso
Esses
monstros do vazio sem idade
São o
próprio retrato da existência
A
verdadeira, sem vãos misticismos
As fases
do sono e dos abismos
Que
confundem e entretêm a ciência
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