Vítor Gaspar: uma abelhinha plena de mel
Vítor Gaspar, primo de Francisco Louçã, é uma abelhinha trabalhadora, carregadinha de mel que, na suavidade inabitual do seu zumbir, quase nos convence. Temo, no entanto, que Vítor Gaspar acredite, acredite convictamente, que o caminho para transformar Portugal num país mais rico (ou menos pobre; ou menos "remediado", como se dizia) será empobrecendo os portugueses por intermédio de uma escalada descendente (?) na curva salarial. Erro grave de julgamento. Quase louçanesco. Ninguém vai produzir mais ou melhor por uma recompensa cada vez menor. Ou então, só à força do chicote - e mal. Sempre mal. Como a confusão, tão nacional, entre horas de prisão e eficácia que perpassa na ideia de os trabalhadores gastarem mais meia hora diária na sua empresa em nome da competitividade. Ou a ideia tantas vezes rebatida e agora basicamente conseguida de cortar nos malditos feriados (e nas pontes, sendo que eu, enquanto professor, há muitos e muitos anos que só conheço pontes rodoviárias, ferroviárias e pedestres). Mas alguém acredita que uma empresa vai produzir coisas que não poderá escoar ou que se faz melhor em mais tempo necessariamente? É La Palice muito pura e simplesmente.
Ainda ontem escutei o professor Medina Carreira (geralmente Velho do Restelo, Cassandra, ave de mau agouro, etc., etc.) considerar otimisticamente que não deveremos voltar a saber o que é um subsídio de férias ou de Natal antes de 2020-2025. O pior é que eu acredito no professor!
O pior também, é vermos Paulo Portas, irmão de Miguel Portas e o possível peso equilibrante da balança, ufanadíssimo em missões diplomáticas a que reconheço potencial valor mas que, no que toca ao burgo diretamente, pouca diferença farão... Paulo Portas com a sua pose de homem de Estado. Por onde anda Portas quando precisamos que, muito para além do discurso, coloque algum senso de equilíbrio nas mentes zumbideiras deste PSD?
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