Rap do desterro
Na terra da anarquia do punho de ferro
De onde os competentes fogem para o desterro
Prendem-se na rua os espoliados
E enganam-se com números os tolos e os calados
Clamam com voz grave os poetas sofríveis
E as coisas que importassem mantêm-se invisíveis
Encerram-se oceanos e as terras aráveis
E cobrem-se os terrenos de energias renováveis
Que enfeiam, desperdiçam, os vales e as montanhas
Com sombras de ilusão e promoções tacanhas
Pelas televisões tudo é popular
Concursos e cantigas e a alegria de ignorar
E quer-se proibir e moralizar
Mudo o sentimento e o raciocinar
Na terra da anarquia do punho de ferro
Um gueto da Europa que adia o seu enterro
Matam-se a poesia e a eficácia em simultâneo
Vende-se a ideia do fado extemporâneo
E a bola e a modéstia e revoltas fingidas
E resta só o rap às almas coagidas
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