A balada de Pedro e Inês
Inês era a aia preferida
Da esposa de Pedro, Constança
Jovem, crente na esperança
Das ilusões desta vida
Pedro, um príncipe mimado
Acostumado a mandar
Nas gentes, na terra e no mar
Do seu futuro reinado
Cruzaram-se os seus desejos
E logo os corpos sedentos
Sensações aos quatro ventos
Mil promessas e ensejos
Na corte, na solidão
Constança da prole cuidava
Enquanto Pedro gozava
Uma vida de traição
Mas a Pedro que importava
Se estava acima da lei
Se era o futuro rei
Que os destinos comandava
Então, o rei pai, no trono
Frio no seu matutar
Decidiu ter de ordenar
Um fim àquele abandono
E o sangue de Inês correu
Como corre o rio ao mar
Como flui no vento o ar
Como alternam a luz e o breu
Passadas as estações
Pedro, cego de vingança
Não quis saber de Constança
Mas de arrancar corações
E, à força, foi beijado
O esqueleto apodrecido
Coberto de um rico vestido
De Inês, desenterrado
Justiceiro nos anais
Escreveram-lhe altos poemas
Menorizando os dilemas
Das tibiezas mentais
Junto a Deus têm-no querido
Como um herói do amor profano
Mas eu vejo-o morto e humano
Num túmulo carcomido
Imagem de: http://poesiadelmomento.com.
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