A única benção
Um pássaro voa
Um cão saltita
Um garoto brinca
E tudo ocupa um lugar num universo
Onde não há galáxias em colisão
Um lugar exacto num momento fugidio
No presente já fragmentado em mil pedaços
Todos acreditam, todos ignoram
Por isso voam, brincam, saltitam
Por isso, porque não racionalizam momentos
São raios rebeldes na lógica dos sóis
O caçador também ignora por que o pássaro voa
O dono ignora por que saltita o cão
E o pai olha distraidamente o futuro em fuga
Sobre o mundo paira a incerteza do tempo
O espaço todo cravado de chagas insolúveis
O maciço incomportável que é o conhecer
Os dentes de leão esvoaçam com o vento caprichoso
Todos os caminhos conduzem a rotas circulares
E a única benção possível está em desconhecer
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