sábado, fevereiro 11, 2006

Pleno dia e todos dormem...

Pleno dia e todos dormem...
Dormem nas ruas e nos cafés,
Dormem ao volante e à secretária,
Dormem quando amam e odeiam,
Dormem quando opinam e quando estão calados.
Dormem um sono de tal modo profundo,
Peixes bizarros na mais funda fossa submarina...
E eu percorro as ruas onde mora o sono,
Sempre à superfície, batido pelo mar bravio...
Quem me agrilhoou à tona do Mar Morto?
Que crueldade dos deuses me forçou a esta insónia,
A este estado criminoso de lucidez atroz,
Quem me roubou as pálpebras e porquê?
Porquê... E isso é pergunta que se faça?
Dormem todos pela vida fora,
Nas ruas, nos cafés e em todo o lado...
E eu, sempre à mesma hora, no mesmo lugar,
Vivo acordado, acordado, acordado!



Imagem de www.waterbrush.com (tela de Dominik Dryja).

Poema de Joaquim Camarinha

4 Comments:

Blogger Lila Magritte said...

Maravilloso poema, pero me pregunto: ¿Todos están dormidos o sólo hipnotizados por una sociedad soporífera?
En todo caso existen sueños que despiertan la imaginación y la creatividad.

Beijos.

4:42 da tarde  
Blogger Jorge Simões said...

Obrigado, Lila.
Em resposta, é mais poético dizer que "dormem" do que "estão hipnotizados por uma sociedade soporífera". :)

Beijos de Portugal para o Chile.

6:17 da tarde  
Blogger Lila Magritte said...

Têm raçao.
Obrigada pela resposta.

Agora volto pra Chile e levo os beijos além.

10:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu tambem sinto isso...um mundo de adormecidos, só eu acordada, acordada, acordada...aão 4.02 h.
O Sr. Camarinha faz-me lembrar um pouco o José Régio.
Beijinhos para o Alexandre

4:05 da manhã  

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