Os gritos silenciosos
Vejo os camiões passar
Junto às árvores derrubadas
Entre casas descascadas
Como exclamações no ar
E além de etéreos compridos
Vive o delírio da cor
Que artifica a humana dor
A buzinar nos ouvidos
O cancro gargalha sozinho
Com a diversão que traz
A convicção tão sagaz
De que o mal é o vizinho
E buzina como um louco
Mata a rua convencida
De que é grande e que tem vida
Buzina até eu ficar rouco
E a rouquidão é saudável
Silêncio com o bloqueio a Cuba
Os icebergues aos saltos
Os assassínios no ecrã
Regras rígidas de interesses
Safam-se como bem podem
Por mais que se grite e buzine
O cancro ri com cinismo
Da afonia desejável
Imagem de: Tumblr
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