Cão à chuva
Chovem gatos, cães e o gelo dos infernos
Alagando
as ruas e os motores depauperados
Sente-se
na espinha dias lentos e gelados
E é como
se num só se cosessem mil invernos
Triste
escuridão que preenche o tempo inteiro
De poças
obliteradas e falhas de iluminação
Enquanto em
ruas fechadas se vai repetindo o padrão:
Gatos,
cães, gelo e folhas cobrindo um bueiro
E eis que
passas tu, pingando o tempo letal
Escorrendo do pelo ralo a vida que te atropela
Quase que
não me notas, talvez desejes a trela
Com o teu
olhar canino de abandono universal
Imagem de: http://www.sun-sentinel.com
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