Noturno vazio de Sintra
Em Sintra, com esse à maneira atual
Ainda nem onze da noite bateram
E quase parece que todos morreram
Exceto alguns cães de tamanho abismal
Percorremos ruas escuras, vazias
E tudo encerrou: cafés, restaurantes
Lojas que exclamam descontos errantes
E casas fechadas, persianas frias
E ao deambularmos nas ruas caladas
O Eça estranha-se na imaginação
E entranha-se antes uma negação
Só contradita nas nossas mãos dadas
Nas ruas sombrias da Sintra estrangeira
Se passa por vezes um carro isolado
Ou se ouve uma voz num tom mais elevado
Parece irreal, quase brincadeira
E se tudo isso é profundo ou banal
Pouco nos importa, é só uma imagem;
É preciso às vezes partir em viagem
Para nos encontrarmos num outro local
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